Filha de aristocratas russos, Tatiana Leskova correu o mundo em grandes performances até fixar-se no Brasil em 1944

Tatiana Hélène Leskova (Paris, 6 de dezembro de 1922) é uma bailarina de origem russa naturalizada brasileira.
Seus pais, russos descendentes da aristocracia imperial,
fogem para Paris após a Revolução de 1917. Tem suas primeiras aulas de balé com a também exilada
bailarina russa Lubov Egorova, que havia tido papel de destaque no Balé Imperial Russo, no Teatro Mariinsky.
Aos treze anos já fazia parte da Opéra Comique de Paris,
passando depois pela Comédie-Française
até chegar, aos 16 anos, ao Original Ballet Russe do Coronel de Basil, em Londres. Já na primeira temporada com a companhia, em
Londres, Leskova passou a conviver com nomes históricos do balé e das artes em
geral, como Michel Fokine, Bronislava, Nijinska, Miró, Pablo Picasso, e até Rachmaninov. Nos Estados
Unidos, fez a estréia, sob a regência de Stravinsky, de Balustrade, de Balanchine, de quem foi
amiga pelo resto da vida.
Fugindo da guerra, a companhia aportou na América do Sul, de onde
Leskova jamais saiu. O primeiro encontro com o homem da sua vida, Luís Honold
Reus - um aristocrata brasileiro - aconteceu em Buenos Aires. Mas foi no
Rio, em 1944, que o romance de 40
anos de duração teria seu início, apesar da pouca idade de Leskova (21 anos) e
do estado civil de Luís, que era casado (e foi até morrer) com a francesa
Giselle Zucco. Apaixonada, Leskova não hesitou em trocar o posto de destaque no Original Ballet Russe por um show no Golden
Room do Copacabana Palace.
A partir de então, Leskova esteve à frente do Balé do Teatro Municipal do Rio, companhia clássica
mais antiga do Brasil - por três vezes: a primeira em 1950, aos 27 anos, estendeu-se
até 1964. Sendo coreógrafa de gênio e dotada de grande conhecimentos em artes
plásticas, Leskova criou em 1960 uma coreografia, "Le foyer de la
Danse" com música de Prokofiev, a Sinfonia Clássica, tendo como tema as
pinturas a pastel do pintor, desenhista e escultor impressionista francês,
Edgard Degas. Nesta coreografia com delicados toques de pantomima, a Leskova
reeditou a obra de Degas num palco ambientado como aula de ballet do fim do
século XIX, recriando os figurinos, a cor e luz típicas da linguagem de Degas.
O resultado desta concepção de Tatiana Leskova foi um espetáculo de certa forma
"moderno" em sua visão analítica da obra de Degas. Foi sem dúvida sua
principal contribuição na área de coreografia. Foi bem sucedida em outras
criações, teve desempenhos memoráveis durante este tempo, tendo se afastado
algumas vêzes do Theatro Municipal. Depois esteve por lá em 1970, 1980, 1987 e
1990, numa trajetória de amor e ódio, inconstante mas exitosa. Leskova
transformou o Municipal num verdadeiro grupo profissional, com direito a
temporadas de apresentações quase diárias, estrelas internacionais no cast e
coreógrafos de projeção mundial. Seu temperamento severo e habilidades
didádicas tornaram-se referência na preparação de bailarinos, formando, em sua
academia em Copacabana, centenas e mais
centenas de profissionais até 2002, quando a crise a obrigou a fechar o
estúdio. Nesta época, paralelamente, Leskova firma-se como remontadora oficial
de balés de Leonide Massine, realizando trabalhos na Inglaterra, onde foi premiada, Estados Unidos, França (na
Ópera de Paris, convidada por Nureyev e Países Baixos. Hoje vive no Rio de Janeiro, no bairro de Ipanema.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário